Incontinência urinária tem solução, sim
A incontinência urinária (perda recorrente e involuntária de urina),
não é normal e deve ser acompanhada por médicos e fisioterapeutas. Esse
problema, percebido ao rir, tossir, espirrar, correr, levantar peso e
até mesmo ao dormir, entre outras situações, atinge mais pessoas idosas,
mas surge em qualquer idade e independentemente do gênero.
Apesar de homens também sofrerem desta disfunção, a doença acomete
predominantemente o sexo feminino. Levantamentos revelam que 15% das
mulheres que menstruam são diagnosticadas, sendo que o número sobe para
40% com a chegada da menopausa.
Segundo Milton Skaff, médico urologista do hospital Beneficência
Portuguesa de São Paulo, a queda da qualidade de vida é uma das
principais consequências – as pessoas tendem a deixar de lado atividades
corriqueiras, como ir ao restaurante, por medo de não conseguir chegar a
tempo a um banheiro. “Isso afeta negativamente a qualidade de vida,
situação associada, muitas vezes, a um quadro de depressão”,
complementa.
A boa notícia é que há cura e ela é possível com fisioterapia e até com
exercícios feitos em casa sob orientação médica, como você descobre
nesta matéria.
Entenda o que é
A causa é o afrouxamento no chamado assoalho da pelve (ou pélvico), um
grupo muscular responsável pelo controle da micção. Há três variações:
por esforço (ao rir ou espirrar, por exemplo), por urgência (aparece uma
vontade imediata de urinar e a pessoa não consegue chegar ao banheiro) e
mista (os dois tipos anteriores juntos).
Motivos mais comuns:

- Obesidade (o sobrepeso impacta no aumento da pressão intra-abdominal);
- Problemas que comprometem a musculatura do assoalho pélvico, como tumores;
- Doença chamada de bexiga hiperativa, isto é, quando ocorrem contrações involuntárias;
- Gravidez porque quanto maior o bebê (acima de 4 kg, o risco é
maior), mais peso a grávida carrega, intensificando a carga
intra-abdominal, considerado um fator de risco. Na hora do parto, o
tempo também pode ser um agravante. “Um trabalho de parto curto e sem
intercorrências tem menos possibilidade de desencadear o processo do que
um prolongado”, comenta Milton Skaff, destacando que, quanto mais
filhos a mulher tiver, maior a probabilidade.
- Esportes de alto impacto (correr e cavalgar, entre outras atividades, eleva chances de surgimento ou agrava a disfunção).
- Roupas apertadas também são vilãs neste caso. Segundo Luni Freire,
fisioterapeuta e diretora da Corpus de Lune, clínica especializada em
fisioterapia ginecológica, vestimentas justas dificultam a circulação
sanguínea e linfática, pois esse aperto na virilha ou no abdômen está
associado ao aumento da pressão intra-abdominal, prejudicando o bom
funcionamento da bexiga e agravando o quadro.

Quando procurar ajuda
Busque auxílio se tiver sua qualidade de vida prejudicada. “Em casos
de maior volume de perda, a roupa até fica molhada, o que gera
constrangimento e transtorno. Quando há menos intensidade de fluxo, os
sintomas mais comuns são a sensação de umidade e o mau cheiro”, resume
Milton. É importante não ter vergonha de comentar com o urologista ou
ginecologista que situações como essas aconteceram ou se tornaram
frequentes.
Exames no consultório
Antes de saber qual o tratamento ideal, é preciso identificar a
gravidade. Para isso, pode ser feito um teste no consultório. Com a
bexiga cheia, a paciente contrai o abdômen, como ao tossir, para que
uroginecologista, especialista neste caso, faça a sua avaliação.
Outra alternativa é o estudo urodinâmico: injeta-se soro fisiológico
na bexiga e faz-se um esforço abdominal para medir o ponto a partir da
qual começa a perda de xixi. O teste leva de 15 a 20 minutos, causa
incômodo, mas não é dolorido.
Como tratar
Com base nos resultados, o médico orienta as medidas a serem tomadas.
Para a incontinência por urgência, podem ser indicadas a fisioterapia e
também tratamento medicamentoso.
Já para a eliminação de urina por esforço é revertida com
fisioterapia, que estimula a tonificação do assoalho pélvico. “Os
exercícios específicos ‘ensinam’ como contrair o abdômen antes de
tossir, por exemplo”, explica Cleima Bittelbrunn, fisioterapeuta
professora da Faculdade Inspirar ou "por meio de cirurgias atualmente
consideradas como minimamente invasivas", comenta Skaff.
Cleima explica que cinco sessões são suficientes para uma melhora
significativa e o começo dos exercícios em casa. Mas esse
condicionamento de contração deve ser continuado para que os incômodos
não voltem.
E não deixe de se hidratar, embora essa seja a primeira dedução de
quem está justamente com dificuldade de “segurar o xixi”. A
fisioterapeuta Luni diz que o ideal é beber bastante água.
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